Informações e profissões digitais
- carolvieiraeditora
- 27 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
Algumas coisas em relação ao mundo virtual mudam tão rapidamente que quase não temos tempo de entender e analisar o seu funcionamento e já estamos diante de um novo fenômeno. O grande alcance proporcionado pelo Youtube (o segundo site mais acessado do mundo) potencializou o famoso “15 minutos de fama” em uma escala mundial nunca vista antes. Contudo, aquilo que no início da popularização da plataforma parecia ser tão efêmero, atualmente ganhou novas proporções e uma configuração mais complexa.
A nova configuração mencionada trata-se de uma das mais recentes e atuais profissões: os Youtubers, que são produtores de conteúdo independente. Com o advento da internet e a difusão de sites como o Youtube, agora é possível produzir conteúdo audiovisual e transmiti-lo para o mundo inteiro fora do circuito das grandes emissoras de televisão. Portanto, estamos vivendo em um momento muito próspero para os produtores de conteúdo independentes, que, da abertura e do alcance a partir da criação de conteúdo on-line, estão tirando muito proveito.
Se por um lado a possibilidade de um canal aberto e livre para comunicação pode parecer uma grande revolução do ponto de vista da difusão da informação pelo mundo, por outro, é preciso refletir sobre a qualidade e, muitíssimas vezes, sobre a veracidade das informações disponibilizadas. Como não existe um controle ou uma regulamentação para o desenvolvimento desse tipo de conteúdo, estamos sujeitos a informações boas, ruins, verdades e mentiras.
Aqueles Youtubers que, por algum motivo (relevância da informação, entretenimento, tutoriais, etc.), conseguem acumular milhares de visualizações e seguidores e possuem uma boa gestão de carreira, tornam essa experiência sua profissão. Mas, afinal, quem supervisiona esse trabalho? A resposta está no próprio público, que, diferentemente da era da televisão, em que se contabilizava apenas o número de aparelhos ligados na programação, interage com seu interlocutor. Os seguidores são quem aprova ou desaprova determinado conteúdo, dão suas opiniões, interagem com os demais espectadores e com o próprio influenciador digital, sendo capazes, inclusive, de fomentar ou derrubar determinado canal.
Nessa nova configuração de acesso e procura por informação, o público é, até certo ponto, mais autônomo e ativo com aquilo que deseja consumir. Porém, não podemos esquecer do conceito de web 3.0, que nos coloca em contato com tudo aquilo que está relacionado com nossas buscas e demonstrações de interesse prévios.

Portanto, o desafio de frente ao qual estamos postos atualmente é o desenvolvimento de nosso melhor senso crítico. É tarefa do usuário verificar a veracidade das informações as quais teve acesso, criando mecanismos de pesquisas para não reproduzir conteúdos inexatos. Correndo o risco, com o não desenvolvimento dessas habilidade, de perder esse acesso ilimitado aos mais diversos tipos de informação caso este controle passe do usuário para os governos.
De acordo com a visão otimista do autor Fredric Litto “…na cultura de abundância, na qual reconhecemos que a sociedade é rica em objetos e manifestações culturais, técnicas e científicas (leia-se: informação e conhecimento) e que o ato de disponibilizar amplamente acesso a todo esse acervo complexo e dinâmico é, por um lado, uma questão de justiça, e por outro, uma garantia maior de que as grandes decisões no futuro serão tomadas baseados em compreensão bem informada…”, é possível ponderar os benefícios de se assumir a responsabilidade pelo conteúdo consumido em prol da continuidade da liberdade de produção.
Texto escrito para o Mestrado em Pedagogia do E-learning da UAB-PT
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